«O cabrão deixou-me a cara fodida» - foi este o pensamento que assolou Carla ao olhar-se no retrovisor do seu automóvel - um belo dum BMW 320d, do ano de 2002, o ano em que a Carla pensou em divorciar-se de Bruno. O gajo deixou-a toda marcada no dia de aniversário dela. Tudo porque os colegas de trabalho decidiram enviar para casa dela um bouquet de rosas (vermelhas pas
Wednesday, March 24, 2004
Acendo um cigarro e meto a mix a dar, no meu citroen a cair de velho e já cansado das minhas manobras de principiante. Mas é meu. E não tenho outro para me deslocar. As tuas palavras vieram-me à cabeça: «Queres-te casar comigo?». No momento em que pensei nestas palavras os meus pêlos (das pernas inclusive - é hoje que faço a depilação) levantaram-se em estado de alerta (quais mini-consciências a dizerem-me: és muito nova... Deixa-te de merdas... Isso é tão cliché e fora de moda...).
Se eu o amo? Se eu não o amo? Eis a questão... Dou uma passa profunda e grave no meu cigarro, como que para me ajudar a pensar melhor.
E tive e tenho que pensar sobre que resposta irei dar à tua pergunta... Será este um bom sinal?
Quando te disse que tinha de pensar, o teu lábio inferior (que apetitoso) ficou pendurado. O teu olhar perdido no meu queixo. E só conseguiste proferir «blugh» até eu te dar a deixa de saída de palco - «Amanhã falamos meu amor. Apanhaste-me de surpresa...». A verdade. A verdade, verdadinha, é que tenho medo dos dias monótonos, da entrega, do ceder. Mas também não sei se conseguirei ficar sem ti... E será que estou pronta para um tal passo? Dou mais uma passada profunda e grave no meu cigarro.
Pensamento de uma suicida islamita
10 de Março de 2004
Algures num andar recôndito, nos arredores de Madrid:
«Zapatero, quanto te quiero!»
Está tudo pronto. A minha mochila carregada de explosivos e de pregos.
Parece que foi ontem que me converti ao islamismo. Recordo com saudades os tempos em que nos reuníamos para preparar o que tinha de ser feito. Ultimamente já não havia reuniões. Era tudo codificado e pela net. Mais seguro.
Nunca tive voto na matéria, sobre como proceder aos atentados e assim, mas o que é facto (os meus comparsas já não acreditam na história das virgens à espera deles) é que me deixaram levar uma das mochilas. Vou fazê-lo por ti Zapatero... Estes islamitas de um raio estão-se a lixar para as eleições. Mas eu sei que por nós vais ganhar...
Será que te vou ter a minha espera?