CHICANEIRA

Não aos tabus!

Saturday, May 28, 2005

Oi minha linda! Que coincidência! Também eu tenho uma nova amiga!
Ela é muito bonita! Apaixonante. Absorvente. Inteligente. Gosto da forma como ela olha e encara o mundo de frente. E ouve-me. Ouve-me muito bem. É uma bonita interacção.
Pronto, pronto... Essa nova amiga és tu... Acho que até já desconfiavas não é verdade? Os adjectivos assentam-te que nem uma luva!
Agora que estás farta das tuas amigas... Não me acredito! De todas?? Ai... ai... Deve mas é ter sido o termo de comparação. Obviamente que se comparares essa tua nova amiga com todas as outras, todas as outras ficam a-anos-luz dessa tua nova amiga. Obviamente. Não há hipótese. Ela é realmente fantastique. Hehehehe! Nah! Olha que daqui a uns tempos também estás farta dela... Ou não... Quiça.
A beleza deste mundo é a surpresa graças a Deus. Se eu soubesse de antemão que nunca iria ter uma relação amorosa com o Hayden Christensen já tinha tomado 30 comprimidos de ansiolíticos ou me atirado de uma ponte (a 25 de Abril por exemplo) de camisa de noite claro, esvoaçante, cabelos compridos e pintados de loiro e lá ía eu. Para o fundo do rio Tejo. Esperando desaguar na morte.
Por isso é que eu não quero ler a sina. Nem quero acreditar no destino. O destino ou o fado são tão redutores. Tão pequeninos. E como nós somos pequeninos. E sabes o que me irrita? Sabes o que me irrita solenemente? Mesmo muito? É a mesquinhez. Odeio pessoas mesquinhas! Estas conseguem ser mais pequenas do que o comum.
E o que é isto da mesquinhez perguntas-me tu? É tanto e tão pouco. Mas estraga a vida a tantos e a tantas pessoas. Mas hoje não me apetece falar de mesquinhez. É uma perda de tempo. E como diz uma nova amiga minha com convicção: eu não tenho tempo! Referindo-se ao secundário, e aos sonhos ficados a meio, perdidos algures no espaço, na transição do sonho para a realidade.
Mas estava eu a falar da minha nova amiga e de repente perdi-me. Sim. Ela é fantástica. E também eu estou expectante.
Ela tem uma influência tão positiva em mim. Sinto mesmo isso. Desde que ela apareceu muitas coisas mudaram: a escrita adquiriu outro paladar ou sabor, a minha visão romântica da vida deixou novamente de usar óculos e agora até tenho visão de morcego, vendo na noite o que os outros não conseguem ver. E falta-me a terceira... Ah! Tenho novamente vontade de seguir os meus sonhos... É que juro-te mas de vez em quando vou a baixo... Só muito de vez em quando. Mas mais vezes do que quereria. Mas agora estou disposta a lutar. Porque a visão positiva, o sol a brilhar para nós dá-nos outro alento, outra força.
May the force be with us my dear friend! E Hayden Christensens também!
Temos um livro para escrever e uma história para viver...

Saturday, May 21, 2005

O autocarro
Tudo começou quando foste despedido. Ou assinavas um acordo de rescisão, levando ainda algum dinheiro, ou esperavas que o teu patrão sumisse com alguma mercadoria do armazém e imputasse todas as culpas a ti. Assim ao menos levaste algum dinheiro e uma carta recomendação para as ocasiões. Mas os tempos eram das «vacas magras» e previa-se que não irias arranjar nenhum emprego e o dinheiro da indemnização iria depressa desparecer. Porém, tiveste uma das tuas ideias luminosas. Enquanto me abraçavas e me tinhas nos teus braços, e afirmavas que querias que eu estivesse sempre junto de ti, para onde quer que tu fosses, disseste também: vamos comprar um autocarro e viajar pelo país inteiro.
E assim foi. Despedi-me do meu emprego «mixurica», não sei antes fazer o «choradinho» à minha patroa. De que te amava muito e que me tinhas pedido tudo por tudo para te acompanhar neste novo projecto. E que eu tinha medo de te perder se não embarcasse contigo nesta nova aventura. Que era uma espécie de salvação para o nosso casamento. A nossa salvação. Mas creio que ela não acreditou muito na história. Ela sempre me viu com um ar feliz e contente. Leve. Tudo por causa de ti Ricardo. O meu marido e maridão. Mas acho que ela gostava de mim. E ainda gosta. Por isso deu-me algum dinheirito a mais daquilo que me era devido, bem como um abraço sentido e disse: «Continua a ser feliz».
Colocámos então as nossas poupanças de lado, e acrescentámos mais algumas ao vender a casa que tu herdaste de um tio solteiro, que teve a infelicidade de não deixar filhos ou pais, tendo apenas te deixado a ti como sobrinho, e esquecido de fazer o testamento para a namorada da altura, e começámos a procurar um autocarro em segunda mão. Comprámos um Mercedes 0580 15RH-A TRAVEGO. Sabem como é o autocarro? Eu também não sabia. Até ter um. E ter experimentado todos os assentos, ter sentido com ele cada buraco da estrada, contactado através dele com diversas pessoas, de todos os cantos do país, e mesmo de diversos cantos deste mundo.
Era um belo autocarro do ano de 2002, de pintura metalizada amarela, 58 lugares, assentos reclináveis e confortáveis, com sistema ABS, Rádio, armário frigorifico e climatização, enfim, um manancial de opções. Tinha também televisão, um video gravador, um microfone para falar aos passageiros. Só não tinha uma casa de banho. Por isso, quando o autocarro estava em andamento, os passageiros mais aflitos e desavergonhados dirigiam-se a mim e pediam-me para dar uma vista de olhos no mato, esticar as pernas ou mesmo desanuviar o espirito.
São tantas e tantas histórias relacionadas com aquele autocarro. Que fazem parte da nossa história. Minha e tua Ricardo. Tu eras o motorista. Já tinhas a carta de condução que te habilitava. Eu desenrascava-me na comunicação com os passageiros e na escolha dos roteiros e na divulgação dos mesmos, bem como nos contactos com os museus, restaurantes, pensões e residenciais. Depressa deixou de haver um fim de semana livre e lá íamos nós por este Portugal fora, com o autocarro cheio e ávido de conhecimento, de aventura, de dias diferentes.
Mas a aventura foi bonita por tua causa. Sempre adorei a forma como me olhavas. Eu vestia vestidos simples mas que eram ingenuamente indecentes. Decotados e ainda por cima com um botão inadvertidamente desabotoado, para deixar antever a curvatura do meu peito. As minhas pernas morenas de que tanto me orgulhava, eram despidas muitas vezes quando o vestido subia, ou para colocar uma mala de um passageiro ou para me baixar para apanhar o que quer que fosse. E tu sempre atento. Ah como eu enlouquecia com o teu olhar! Mas tu não eras nada ciumento. Só o eras para me agradar. Eu flirtava com tudo quanto era passageiro macho, sempre à tua frente. Só nessa altura é que tinha piada. E tu fingias-te indignado, quando no fundo eu sabia que estavas divertido. Que eu era tua. Mesmo que quisesse fingir que era livre. Pelo retrovisor do nosso Lucas Manuel (o autocarro) foram trocados olhares e desejos, que eram concretizados à noite, mesmo no Lucas, em todos os seus assentos estreados, ou no próprio chão frio.
Recordo-me com saudade de tantos episódios que dói. Dói cá dentro. Inclusive das nossas discussões e da harmonia posterior. Procurávamos sempre excerder-nos e exceder-se um ao outro. Contigo tudo era um desafio, tudo era novo, mas seguro. Qualquer imprevisto que existisse ou aparecesse eu encarava de frente. Qualquer um. Sentia-me uma mulher corajosa. Capaz de tudo. Desde que estivesses ao meu lado. Até que o Lucas II resolveu querer nascer. Um pimpolho lindo que ressalta à vista de todos os meus vestidos. Crescia a cada momento que passava. Um lutador que já lutava dentro do meu ventre com todos os meus ossos e com todos os meus orgãos. Dando fortes pontapés cada vez que a tua mão se chegava ao pé do meu ventre. Ele já te sentia. Mesmo lá dentro.
O Lucas II foi tão esperado por nós. Já o imaginávamos a fazer mil viagens no Lucas Manuel, e a contactar com diversas pessoas, que diriam que o Lucas II era um lindo menino, adorável, apesar de irrequieto e traquinas. Mas após o parto iríamos estar fora da estrada três meses. Já tínhamos colocado as nossas poupanças de lado para isso. Ficaríamos perto de Vila Real de Santo António, em Manta Rota, a viver perto do teu irmão Pedro que ali tinha arranjado a casa dos caseiros só para nós. Poderíamos ir à praia logo de manhazinha, ou só á tardinha, apresentar o nosso pimpolho ao horizonte, e mostrar-lhe que não existem limites.
Mas desde cedo o Lucas conheceu o pior dos limites. Viu-me partir. Como me dói tê-lo abandonado. Sei que não foi assim porque não fui eu que o decidi, mas sei que é isso que ele irá pensar um dia. Mas depois esquecer. Pelo menos a dor. E compreender. Sei que o Lucas será um excelente ser humano. Já o é. E é com dor e ao mesmo tempo orgulho que o vejo despido, usando apenas uns calções, de 4 anos, cabelo farto e loiro, sentado ao colo do pai, e a conduzir o Lucas Manuel. Pelo menos o pai fá-lo pensar que é ele que está a conduzir o Lucas Manuel. Está um lindo dia de Verão e os dois riem que nem perdidos. Felizes. Os meus dois grandes homens. Que apenas posso ver de longe. E ausente.
Ah como eu fui feliz.

Saturday, May 14, 2005

Linda.
Os teus textos deixaram-me sem palavras. Que fiz para merecer tantos elogios? Isso não interessa agora porque devo-te confessar que é tão bom e gratificante ser vista assim. Sinto-me mais eu. Mais bonita mesmo que com umas olheiras que parecem querer tocar o pescoço, e umas borbulhas que são a consequência da cogitação ao espelho. Sim. Ontem estive a reflectir uma vez mais ao espelho. Estava algo tristinha por variadissimas razões. E ainda estou. Não senti quando queria sentir e sinto quando não quero sentir. Mas a minha cabeça apesar de muito racional e algo inteligente (deixemos de modéstias falsas) ainda não manda no coração. Está à espera das respectivas promoções e despromoções mas parece-me que isso nunca irá acontecer. Espero eu também.
Mas enfim. Uma vez mais equivocos. Uma saída a dois. Agradável. Falou-se um pouco de tudo. Porém eu não senti a química que tanto se fala por aí, e que eu já senti. Porém, não agora. Porque é que não percebeste isso? Lancei-te eu olhares diferentes? Falei-te mais ao ouvido? Procurei tocar-te nem que fosse a medo? E todos aqueles desvios de conversa, aquando dos avanços, não te diziam nada?
Tu és querido. Muito querido. Mas eu nada senti bolas! E não é em duas saídas que se magica e produz-se uma relação. Ou o início de uma pelo menos. No nosso caso obviamente. E nem vale a pena insistir. Já me conheço. Tudo começaria por ser bonito no princípio: proferir-se-iam lugares comuns um ao outro, frases feitas que me irritam solenemente. Que me fazem acreditar que o que muda nas relações são apenas os sujeitos, porque a história é a mesma. E as paixões, os sonhos ficariam suspensos durante aqueles breves momentos. Tudo porque acho que não temos nada a ver um com o outro. Simplesmente porque não me conheces, nem vi em ti o esforço para tal. E eu devo-te confessar que também não te conheço. E bolas! Acho que nem fiz esforço para tal. Shame on me. Mas recuso-me a embarcar uma vez mais sabendo de antemão que terei de usar o colete salva-vidas.
E agora é para ti star.
Tu não me assustas. Tu fascinas-me.
E pessoas como tu dão-me vontade de ir mais além. Por mim.
Quanto ao meu segredo-colorido a que chamas de aura... Nem sei o que te diga... Só sei que não é um mas são vários os segredos. Porém, aos amigos revelam-se sempre. E o caminho entre nós está a ser desbravado.
Um brinde ao nosso projecto!

Friday, May 06, 2005

Teresa.
Ela vem aí. Deve estar a chegar. E já é esperada por muitos. Por mim inclusivamente. E mesmo antes de chegar já foi a minha melhor prenda dos meus 28 anos. Sim. Já foi.
Tudo começou aos meus 18 anos. Recebi um telefonema da minha tia que está na Suiça. A Celina. Diz-me que tem uma prenda para mim. Eu digo-lhe logo que era escusado, que bastava aquele telefonema carregado de carinho e saudades. Ela meio a desculpar-se meio expectante refere-me que a prenda não é um bem material. Então o que é afinal? Beijos transportados num camião TIR? Um homem de tanga pendurado numa liana pronto a saltar para a minha cama de casal? Ou mesmo o tradicional bolo com um homem lá dentro? Já viajei! Não... Vais ser madrinha do Eric... Um momento de pausa. Sandra? Não aguentei. Não estava à espera. E a emoção foi em demasia. Ía ser madrinha de um pimpolho lindo que se tornou «a minha cabecinha de pêssego». Desatei a chorar mesmo ao telefone e não consegui proferir duas ou três palavras com sentido. Foi a minha melhor prenda. Esta recebi-a no dia 5 de Maio de 1995.
E agora, no dia 5 de Maio de 2005, decorridos 10 anos, recebo uma outra prenda igualmente maravilhosa. Um pimpolho pequenino chamado Teresinha vai ser a minha afilhada. Quis chorar quando soube da noticia. De emoção e de alegria claro. Mas o que é certo é que é natural em mim desenvolver mecanismos de protecção. E uma prenda daquelas já tinha recebido. Há precisamente 10 anos atrás. Meu Deus como eu vou adorar a pimpolha! Mas o que é certo é que será esta a única expressão «Meu Deus» que a m/ afilhada irá receber como «guia» de formação espiritual. Digamos que não sou muito católica... Mas a preparação Jedi já cá canta. Um grande beijinho para ti Teresinha que sem te conhecer já te adoro.