CHICANEIRA

Não aos tabus!

Monday, October 11, 2004

Hoje o vazio penetrou no meu corpo. Foi à noite. No escuro. Quando ninguém estava a ver. Nem mesmo eu. Estava deitada de barriga para cima. Sem dormir. Os meus olhos fixavam o tecto que não via. E devagarinho, subrepticiamente penetraste no buraco que se abriu por entre os meus seios e que depois fechou. E ali ficaste, alojado, em forma de sopro de ar que percorreu todo o interior do meu corpo. Como se não existissem orgãos. Nada existisse lá dentro, apenas um sopro de ar frio que me fazia pele de galinha e uma dor imensa, quase infinita, a do vazio.
Mudei de posição e coloquei-me em posição fetal, agarrei todo o meu corpo como que numa tentativa desesperada de preencher o vazio, de tirar a dor. Mas ali ficaste e não saíste.
Pedi-te compaixão e clemência, porém, não acedeste. Insististe em percorrer vezes e vezes sem conta o meu corpo para me lembrar, sem dó nem piedade, do meu vazio.

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