Possas! Como é que a porcaria de uma constipação consegue deixar-me tão pequena e tão frágil? Adiante.
Esta noite sonhei contigo. Estávamos os dois na boca de uma gruta, algures numa falésia do Algarve. Olhávamos o entardecer. O sol a esconder-se por detrás do mar, deixando as cores alaranjadas repousar levemente no mar. A bola de fogo ardia, mas lá longe. Os meus pés frios e nus sentiam as pedras igualmente frias e rudes que não há menos de duas horas eram aquecidas pelo sol. O cobertor estava enrolado nos nossos corpos que se encaixavam perfeitamente.
Quiseste falar e eu não deixei. Não poderia deixar que algo estragasse um quadro tão perfeito. Sim. Tu não eras o homem dos meus sonhos, apenas o homem do momento. Um entardecer perfeito e dois corpos nus escondidos numa gruta. O amanhã não interessa, desde que não estragues o agora.
E não estragaste. Inteligência tu a tens e sempre soubeste (e também o quiseste) que não passaria de uma noite, de um momento. Mas naquela noite seríamos só tu e eu. Sem tu falares claro. E eu também não. Apenas dois corpos debaixo de uma lua cheia. As sombras nas paredes de uma gruta escura que parece não ter fim: de onde pode sair um urso, um lobo, ou mesmo um lobisomen… Hum… Um ménage à trois? É neste momento que te aperto mais loucamente e esqueço-me do chão duro e da possibilidade de ser apanhada em atentado ao pudor… Esqueço-me do mundo, mas não me esqueço de ti. Temos um momento louco e apaixonante de que nunca me esquecerei. Foi a busca do puro prazer, sem as consequências do amanhã. Morremos abraçados e exaustos mesmo quando o sol se adivinha à nossa descoberta.
E assim foi. Um momento mágico que terminou precisamente no momento em que cada um entrou na sua viatura, estacionadas na falésia. Não sem antes darmos um último beijo final, do género daqueles que se dão quando o objecto amado vai partir para muito longe, e por muito tempo.
Depois disto as personagens são outras. Falamos um com o outro como se nada disto se tivesse passado. Como se dois corpos naquele noite tivessem tomado vida sozinhos, e as nossas almas tivessem dado lugar ao Prazer puro e irracional dos sentidos.
Sim. Somos até capazes de falar em namoradas vs. namorados que arranjamos ou deixamos de ter. Mas tudo na base do superficial. Ou não fora não termos nada a ver um com o outro. A não ser aquele momento. De que ambos. Tenho a certeza. Nunca esqueceremos.
E com esta fico-me.
Dedicado ao Nicholas Sparks… (Um escritor de primeiríssima qualidade. Tá bem, tá bem… Mas o que é certo é que eu não vivo disto!)
0 Comments:
Post a Comment
<< Home